A regra parece clara: não adianta sair criando indicadores, sem saber o que você quer medir. Quase tão clara quanto a ideia de que você precisa de um estudo de mercado robusto antes de lançar seu produto ou serviço.
Além de estar envolto pelo perfume dos conceitos de startup enxuta, os tantos dashboards que venho criando pela Uangoo têm me mostrado que a regra de primeiro saber muito bem o que se quer medir, para depois criar indicadores, não funciona exatamente assim. É sobre essa experiência que eu quero partilhar neste artigo.
Eric Ries, em seus livros, afirma o seguinte em sua tese central: é necessário começar com pequenos testes de produtos ou serviços, ainda que imperfeitos, e submetê-los ao crivo do cliente. Com a minha experiência, tenho percebido que essa tese é muito válida também para a criação de indicadores.
Aqui na Uangoo, nós trabalhamos com um esquema básico de dashboards para a criação de indicadores:
- Dashboard de macroindicadores
- Dashboard de microindicadores
- Dashboard regional ou setorial
- Dashboard de correlações
- Dashboard de insights
- Dashboard de macroindicadores
Permita-me convidá-lo para um exercício hipotético de ir a um restaurante pela primeira vez. Chegando no local, ao passar pela porta, o aroma da comida muitas vezes ativa na memória lembranças de pratos prediletos, de combinação de temperos que usavam na sua família. Essas lembranças já ajudam a tornar a sua avaliação positiva, antes mesmo de provar a comida.
No dashboard, existe um conjunto de medidas ou gráficos que informam, em um panorama geral, o estado da empresa quanto ao lucro adquirido, até porque no final é isso que importa. Isso equivale ao aroma da comida, que vai passar uma primeira impressão.
Para esse dashboard, uma boa prática é se concentrar nas principais medidas que refletem a saúde da empresa, e depois de calculadas, apresentá-las em gráficos que mostrem sua evolução ao longo dos meses. E ainda você pode filtrar as medidas e os gráficos de acordo ao ano, região ou setor da empresa.
E acredite, após a criação desse primeiro dashboard, seu cérebro será desafiado a melhorá-lo, a partir de questões relacionadas aos números que você organizou, isso quer dizer que você poderá fazer novas perguntas para as informações deste primeiro painel, e é isso que nos levará ao segundo.
- Dashboard de microindicadores
Retornemos a nossa viagem ao restaurante. Após a recepção do cheiro que remeteu à infância, chegou o momento da degustação. A bela apresentação do prato conquista os olhos, e em seguida, os sabores tornam a experiência ainda mais satisfatória.
É a riqueza de detalhes que precisa ser explorada neste segundo estágio, que vai proporcionar o entendimento daquilo que está na base de cada macromedida. É neste momento que você senta com cada gestor responsável pelos resultados observados no painel anterior, com o objetivo de entender a composição de cada medida, nos processos de cada um.
Nesta fase, as chances de encontrarmos problemas relacionados à lisura nos dados são bem maiores. É normal, por exemplo, encontrar um produto com descrições distintas de acordo a cada setor, e também alguns equívocos – quase como socos no estômago – como por exemplo, uma variável que deveria ter sido lançada nas despesas, constando nas receitas, por alguma razão que ninguém saberá informar.
Enfim, voltando ao foco, nesse dashboard de microindicadores, o objetivo principal é entender ou desmembrar cada macroindicador, o que implica uma complexidade maior que dará mais trabalho, porque você estará abrindo a caixa-preta das informações da sua empresa nos menores detalhes.
- Dashboard regional ou setorial
Neste estágio, você já tem uma visão mais nítida sobre os resultados e as variáveis de composição. Se a sua empresa possui mais de um departamento, ou opera com mais de uma unidade de negócio, é neste dashboard onde você fará um raio-x de cada unidade.
A linha de ação pode ser estudar as características específicas de cada região que impactam nas medidas calculadas no dashboard de macroindicadores, ou mesmo no de microindicadores. Uma outra abordagem também pode ser a composição de um mix de medidas observadas como importantes nos dashboards anteriores, colocando em contraste com outras unidades de negócio ou setores ao longo do tempo, ou de forma agregada.
- Dashboard de correlações
No romance de Ayobami Adebayo, “Fique Comigo”, a anemia falciforme – doença causada pelos genes dos progenitores – é um ingrediente importante no prato cheio que serve o drama vivido por Akin e Yegide. Dois dos filhos de Yegide herdaram os genes causadores da enfermidade.
Na econometria, há um conceito que indica a possibilidade de duas ou mais variáveis serem a causa de um evento, que é o conceito de correlação. No dashboard de correlações, devemos trazer as medidas ou gráficos que juntos têm uma causa direta no resultado da empresa. Por exemplo: não faz sentido criar um gráfico que contrasta as receitas com o valor pago para assessoria contábil e serviços de segurança patrimonial,no intuito de entender o quanto a contratação desses serviços impacta na receita, pois esses serviços estão mais próximos de impactar o nível de produtividade. O nível de produtividade, sim, em conjunto com outros fatores, gera impactos nas receitas da empresa.
De outro modo, podemos criar uma correlação entre o investimento em marketing e o setor comercial, para entendermos a capacidade de geração de receita da empresa, por serem esses dois setores os principais motores para geração e atendimento da demanda que bombeiam as receitas.
- Dashboard de insights
Ao chegarmos neste estágio, podemos nos fixar no básico, fazendo um resumo estático dos resultados que observamos nos dashboards anteriores. Assim, juntamente com a sua percepção de mercado, você será capaz de tecer observações sobre os pontos a serem melhorados na empresa, e isso será muito importante para embasar a sua análise dos indicadores.
Com um pouco mais de curiosidade e horas de dedicação, você poderá começar a fazer uso da inteligência artificial, usando ferramentas de análise de dados, como o power bi por exemplo, que, aliás, é a ferramenta que utilizo muito aqui na Uangoo.
Imagino que agora você deve estar se perguntando: como aplicar tudo isso? Bem, se alguém da sua equipe domina minimamente o Excel, compartilhe esse artigo, para instigá-lo a pensar numa aplicação na sua empresa. Por outro lado, você pode contar com a Uangoo, assim como já acontece com outras empresas, para terceirizar as demandas de análise de dados da sua empresa. Veja mais sobre como funciona o nosso trabalho.
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Equipe Uangoo